Alguns diriam que é a técnica que faz o improvisador. Outros, que é o conhecimento de harmonia, a criatividade, ou mesmo, o domínio sobre as escalas.
Mas eu acredito que é muito mais do que apenas isso.
Não se trata de conhecer qualquer técnica, no sentido técnico do instrumento, mesmo. Pois podemos encontrar improvisos muito coerentes de músicos que ainda não dominam 100% o instrumento (ou até estão iniciando) mas, dentro de suas limitações técnicas, conseguem conectar bem suas frases e fazer muito mais coisas que trazem coerência à sua maneira de improvisar.
Também não é a capacidade de memorizar a harmonia das músicas que toca porquê, para a improvisação, isso só será efetivo se essa memorização tiver uma relação com a prática de improvisar, em si. Pois existem músicos que sabem mais de 100 músicas memorizadas e não improvisam bem dentro delas.
A criatividade também não é o ponto chave na construção de um improvisador porquê, embora esse seja um ponto tratado como se fosse um dom que uns tem e outros não, uma pessoa que começou a aprender inglês, por exemplo, e foi desenvolvendo vocabulário até conseguir se comunicar, não pode ser considerada “criativa”! Ela aprendeu padrões e cada vez mais consegue interagir com eles. Dominando o idioma, aí vem a criatividade de fato: após conhecer os elementos que precisava para poder conversar.
O conhecimento de escalas também não é o que, isoladamente, vai fazer um músico ser um grande improvisador. Afinal, quantos músicos você conhece que sabem muitas escalas e não improvisam? Os maiores que conheço são músicos eruditos, tocam escalas com domínio total em qualquer região do instrumento, mas não improvisam. Conhecem as escalas de modo a estarem preparados tecnicamente para as peças que tocarão, não para improvisar.
Então, você pode estar se pergunta, o que de fato faz com que um músico seja um BOM improvisador?
A resposta é simples. Um bom improvisador usa todos os elementos citados anteriormente, porém, tendo como foco principal, a improvisação. Porquê improvisar não é estudar qualquer técnica, memorizar de qualquer maneira, ou saber todas as escalas. Improvisar é estudar para criar instantaneamente, treinar como se já fosse o jogo. Se no seu estudo, o músico ainda não está sentindo que está improvisando, na hora que precisar improvisar, não sairá nada, pois está estudando sem foco na improvisação.
Por isso, em tudo que pratica, pense em como poderia estar usando esse estudo para a improvisação, como ele pode cooperar para que você desenvolva mais nessa prática.
Para entender um pouco mais sobre alguns desses pontos, assista essa live que transmiti no IGTV algumas semanas atrás:
https://www.instagram.com/tv/CFTANgDJYVO/?igshid=6gdngtt773yi